O comércio de drogas é livre, o consumo é motivo de orgulho e várias drogas representam status e sofisticação, como por exemplo, os uísques caros. É comum encontrar pessoas se orgulhando de seus porres, na televisão aberta encontramos publicidade que endeusa o ato de beber. Falando em endeusar, devemos lembrar que o álcool em forma de vinho é tratado como bebida sagrada por diversas religiões.
Como percebemos acima, vivemos em uma sociedade usuária de drogas. E é difícil imaginar de onde vem o movimento da criminalização da maconha. Esse movimento nasceu nos Estados Unidos e foi inspirado por uma campanha de difamação e preconceito contra mexicanos e latinos em geral. Enquanto a elite branca se drogava com seu uísque e seu charuto, marginalizaram a droga usada pelos latinos. E esse movimento teve tanto sucesso que o mundo inteiro abraçou essa idéia hipócrita e ignorante. Até nós, alvos do preconceito, abraçamos a causa.
Dizem que a maconha é proibida porque faz mal à saúde. Provavelmente, verdade. Existem muitas pesquisas que tentam provar o quão mal ela faz e incontáveis discussões sobre se ela é menos ou mais prejudicial do que cigarro ou álcool. Mas, sinceramente, é uma discussão estúpida e irrelevante. A maconha faz mal a saúde, afeta o nosso corpo de maneira negativa. Mas e daí? Cada um estraga sua saúde da maneira que quiser. Chocolate faz mal, carne de porco faz mal, açúcar faz mal. Qual a solução? Proibir todas essas “drogas”? Provavelmente não! Vivemos em uma sociedade supostamente livre e a partir desta afirmação, é lógico pensar que cada um tem o direito de estragar sua saúde da maneira que bem entender. Podem até tentar argumentar dizendo que uma droga faz menos mal do que outra, mas é tão estúpido quanto dizer que picanha faz menos mal que torresmo e por isso um deveria ser proibido e o outro não.
O estado “bem-intencionado” tenta protegê-los de si mesmo, mas isso prejudica e trás diversas ameaças a vida de quem não é usuário. Pense no Rio de Janeiro, do que você se lembra? Da cidade maravilhosa, das praias encantadoras, do Cristo Redentor, a garota de Ipanema, do samba? Provavelmente não! Você deve se lembrar das chacinas, do narcotráfico, da corrupção policial, das quadrilhas, comandos e criminalidade em geral.
Já parou pra pensar que grande maioria dessa criminalidade é sustentada pela proibição de drogas? Já parou pra pensar que se a maconha fosse vendida em padarias os traficantes não teriam o que vender e que, não tendo o que vender, eles não teriam dinheiro para comprar armamento e nem para subornar policiais?
Basta se lembrar de Al Capone, um dos maiores gangsteres da história. Foi que aconteceu no início do século passado, entre 1920 e 1930, quando os Estados Unidos quando resolveram proibir as bebidas alcoólicas. O país ficou a mercê do tráfico, gangsteres, corrupção policial e a explosão da criminalidade. É exatamente o que acontece hoje graças ao combate ao narcotráfico. A sociedade parece estúpida demais para aprender com seus próprios erros.
Pare para pensar em quanto dinheiro público é destinado ao combate ao tráfico e corrupções derivadas dele. Agora pense em como esse dinheiro poderia ser mais bem investido em saúde, educação e estradas e tudo aquilo em que o governo supostamente deveria investir.
E por último, pense sobre o que há de errado no jeito que funciona a indústria do cigarro. As fabricantes de cigarro são empresas construídas legalmente, pagam impostos, geram empregos honestos, movimentam a economia e contribuem para o desenvolvimento do país. A população tem todo alerta através de campanhas que alertam o quanto o cigarro faz mal. Mas se apesar de todos avisos, você continuar fumando, tem todo o direito de exercer sua estupidez sem ser marginalizado.
Com a legalização, ganham todos: O governo, com mais arrecadação e menos gastos; o usuário, que pode exercer seu vício sem se relacionar com o crime organizado; o não-usuário que não precisa ficar exposto à violência e criminalidade geradas pelo tráfico.